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Mais gramática e sobre o uso indireto de personagens alheios

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Mensagem por Halo VIII Qua Dez 03, 2008 8:14 pm

Migalhas gramaticais

De grão em grão... pois é.

● Já chamei a atenção de um erro muito comum que é a pluralização do verbo haver. Seja como for, isso continua acontecendo, pode ser porque o pessoal não leia as dicas.

RPGista que é RPGista mesmo, não negligencia a leitura. E independente desse tipo de negligência, eu ainda me sinto na obrigação de dar os toques, porque uma das habilidades importantes em um RPG de fórum é a redação apurada. Não é o mais importante, já que privilegiamos a criatividade acima de qualquer coisa, mas sem dúvida alguma que se o jogador que é criativo, que faz um personagem psicologicamente rico, um jogo denso e que tem sentido de estratégia, apresenta, além de tudo, uma redação apurada, ganha ainda mais destaque.

● Outro erro muito comum é o uso dos oblíquos de objeto indireto para Verbos Transitivos Diretos:

Eu gostaria de lhe convidar
Seu olhar lhe arrepiava
A mulher lhe cortejou
A situação lhe deixou desesperado

Convidar, arrepiar, cortejar, desesperar, são Verbos Transitivos DIRETOS.
O "lhe" é um pronome incompatível com esses verbos.
O correto seria dizer:

Eu gostaria de convidá-LO
Seu olhar O arrepiava
A mulher O cortejou
A situação O deixou desesperado.

O uso do "lhe" atrelado a verbos transitivos diretos é, infelizmente, muito comum, mas não poderia haver nada mais errado. É fácil saber se o pronome oblíquo que deverá ser utilizado é o lhe/lhes ou o/a/os/as? Eu sei que aquela formulinha de escola não funciona sempre: "Verbo Transitivo Direto é o verbo cujo objeto responde à pergunta quem?" Quem você gostaria de convidar? Quem que se arrepia com o olhar dela? Quem foi cortejado pela mulher? Quem se desespera com a situação? E também não posso esperar que o cara vá averiguar no dicionário se o verbo é transitivo direto ou indireto para ele saber que oblíquo irá usar (já eu, por força da minha profissão, sou obrigado a tomar esse tipo de cuidado se estou na dúvida). Só domina mesmo esta parte da gramática quem tem o hábito de ler muito (falo de literatura oficial, não de blog...) e por isso vai se familiarizando com o trato correto de cada verbo, mas fica a dica, pois quem sabe o certo se penaliza de ver um post, que poderia ter sido perfeito, minado por uma série de equívocos que nos fazem lamentar "se pelo menos ele tivesse tido um professor melhor na escola". Nossa intenção é ajudar (hahahah será mesmo?).

● "Posto que" usado como conjunção causal. Minha gente, isso não existe. Não caiam nessa besteira. "Posto que" — verifiquem — significa AINDA QUE, EMBORA, CONQUANTO.

"Posto que" é conjunção concessiva e não causal: ou seja, não tem o sentido de "visto que", "já que", "uma vez que" etc.

Uso correto de "posto que":

Posto que esteja chovendo torrencialmente, vou à aula assim mesmo, pois mais uma falta e o professor me reprova.

Tem muita gente usando o "posto que" errado, eu vejo até advogados fazendo isso (é mais imperdoável ainda do que para um professor de português — aliás, o jurista tem que ser um gramático infalível, senão que vá vender pastel na feira), e provavelmente vamos chegar no dia em que a Gramática Normativa terá que incluir a tal conjunção no rol das concessivas causais, mas até que ocorra esta inclusão, "posto que" usado como "visto que" é, sem dúvida, demérito no post.

● "Fazem 30 anos"
"fazem 3 meses"

Isso também não existe. Coisa que se aprende logo na 2ª série do ensino fundamental: o verbo fazer é impessoal quando indica a idéia de tempo, do mesmo jeito que o haver. Então deve ser dito:

FAZ 30 anos...
FAZ 3 meses...

● A/HÁ

Usa-se A como preposição para indicar distância:

- A 10 metros daqui tem um açougue.

Para indicar tempo, é o haver que se usa:

- mil e quinhentos anos...
- quinhentos anos...
- alguns dias...

É errado colocar a preposição no lugar do verbo nessas frases que dão idéia de tempo.

● "Quem tinham" - isso não existe. "Quem" é pronome relativo de terceira pessoa. Assim como não se diz "Ele tinham", é errado dizer "quem tinham".

"Quem tinha me dito isso foram o Pasquale e o Douglas Tufano em uma reunião na Academia de Letras aqui de Jundiaí". - é assim que se fala, amiguinho, por mais que pareça o certo dizer "quem tinham me dito foram aqueles caras". Não é parâmetro o que "parece o certo" a quem não tem muito contato com o certo (pouca leitura, e falo de literatura oficial e não sites de internet, que não passam por revisão gramatical de cabeças que entendem do assunto realmente).

Take your time na hora de fazer um post.

Quando um player vem me dizer "eu erro muito, mas é porque escrevo apressado, escrevo sem atenção", vejo isso como pior do que admitir "eu escrevo errado porque desconheço o certo". Escrever apressado, escrever desatento, não é boa desculpa, porque não é para escrever desatento nem apressado - preferível que espere para quando tiver mais tempo e fazer um post de tamanho correspondente aos seus limites temporais, mas fazer a coisa bem feita, mesmo para um RPG.

O RPG é um tipo de lazer diferenciado, do qual o aspecto intelectualidade faz parte. For para jogar qualquer coisa, tem aí o pac man, o tíbia (aquele tipo de "RPG" online que o cara fica atirando nos monstrinhos à base de F5 F7), tem o Super Mario Bros, que você faz o Mário ficar dando pulinho para pegar moeda, tem os seriados de tv norte-americanos (para jogar o tempo no lixo)... Quem gosta de aplicar o tempo de lazer em uma atividade que acrescenta à mente e ao espírito, que resgata ao conceito de recreação a acepção genuína do termo (re-criar-se), tem o RPG, e este RPG, o TDS, é exigente (até certo ponto) como deve ser o Role Playing Game, cuja idéia e filosofia vêm sendo lentamente detonadas, infelizmente, por uma pluralidade de fóruns de RPG fubazeiros que surgem aos borbotões na internet e que, no entanto, acabam não durando seis meses - nem preciso dizer por quê. Quando fazem exigências, é exigência inútil, vimos um que chegou ao ponto de exigir na assinatura que cada qual colocasse lugar, nome e idade do personagem, senão o cadastro ficava sujeito à exclusão...

Isso é síndrome do pequeno poder. O carinha não manda nem no próprio umbigo, mora com o pai, com a mãe, e não faz outra coisa na vida senão abaixar a cabeça para o chefe, ele é atendente de guichê na Receita Federal, coitado, aí ele fica inventando que o contribuinte tem que pegar senha para pegar senha, ou então ele cria um fórum de RPG! E aí começa a inventar um monte de regras bestas porque não há maneira mais absoluta de exercer "otoridade": "Agora você tem que deixar escrito na sua assinatura 'O gelo encubado andou nas praias do novilho', senão será expulso do fórum!" Mas por quê? "Porque é a regra." É o jeito do nego gozar, coitado, porque em seu cinzento dia-a-dia de broxada após broxada, ele falar e um burro peidar é a mesma coisa. Esse tipo tinha que ser proibido de fazer fórum de RPG.

● Em que pese que agora tenhamos a regra de que uma conta sem post por mais de 1 mês é desativada, nem por isso essa regra é incompatível com o nosso desejo de que o player pense para fazer um post, nem que seja para demorar mesmo: pode até enviar uma justificativa mostrando que não é por abandono, é por necessidade ou até dificuldade em postar, que tudo bem. Mas ninguém precisa ter pressa nem quando a situação é responder o post de outro que abordou seu personagem.

Claro que quem estiver na pendência do post de outro jogador para dar continuidade, se vê que o camarada não responde em uma semana, pode atribuir ações e falas e continuar, a não ser em uma situação que isso seja impraticável.

● Sobre atribuir ações e falas a personagens de outros

Outra forma de fazer isso com a qual é preciso ter muita cautela, penso que é o tipo de narração "Todos adoravam Listimina. Todos a achavam linda."

Bom, isso é dizer que o meu personagem adora a Listimina e a acha linda. É meio complicado descrever as impressões gerais sobre o nosso personagem, a não ser que haja consenso expresso dos demais nesse sentido.

"Ela era muito inteligente e profunda conhecedora de pássaros."

Eu discordo desse tipo de narrativa. Quem tem que decidir se a personagem é inteligente e conhecedora do que for, é o leitor. É amadorismo fazer certas afirmações na narração, mas na hora de mostrar a personagem na prática, em situações, interações e diálogos, fracassar na prova das afirmações. Amador todo iniciante é, mas ele já pode evitar certas coisas meditando no que têm a dizer os mais experientes.

Mais uma forma de atribuir ações e falas a personagens alheios é eu dar um determinado histórico para o meu personagem que torne os demais reféns da minha trama. Se eu digo que a polícia de outra cidade está atrás de mim, é uma coisa. Introduzir meu personagem já dizendo que a polícia de Bennington, ou a polícia do mundo inteiro, está atrás dele, é obrigar os players de policiais do fórum (Alex Drake, Michael Parsons e Maria Garcia) a se mobilizarem em torno do meu personagem. Não penso que isso seja um bom jogo. Primeiro porque obriga outros a se amarrarem à minha trama, sem consultá-los. Segundo porque eles podem não se sentir obrigados coisa nenhuma e me deixar a ver navios, não corresponder aos meus posts, e isso fica chato para mim (depois vou sair dizendo por aí que fui ignorado...). Terceiro porque o melhor jogo é aquele que começa do começo: o personagem se faz aos poucos.

Exemplo do terceiro ponto é eu fazer alguma coisa aqui que me torna alvo da polícia daqui, e aí dou início a toda a trama que eu quero e sem precisar ter combinado nada: eu faço um jogo que me liga a outros players de forma gradual e espontânea - sem fixação prévia e unilateral dos papéis de personagens alheios em relação ao meu.

É importante jogar bem? Para nós aqui, é. Uma coisa que talvez não tenha ficado claro, o Abraço é prêmio. O Pré-Módulo é uma fase de teste neste RPG. Não é direito adquirido que se conquista com o simples cadastro e alguns posts - ou milhões de posts que sejam. Dá para postar muito, mas não haver jogo. É permitido também, claro, mas que esse não se sinta injustiçado se o Abraço não acontecer no tempo que ele quer.

Vale tudo? Vale. Mas vai valer só para o jogador que quer fazer as coisas do jeito dele a qualquer custo. Aí cada um pese o que vale mais a pena para si: jogar à margem, ou jogar integrado com todos os outros.
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