The Downward Spiral

"Você é um homem inteligente, John. Tem um bom raciocínio, uma grande sagacidade, mas é preconceituoso demais. Não permite que seus olhos vejam, e que seus ouvidos escutem, e que tome conhecimento daquilo que não faz parte de sua vida cotidiana. Não acha que há coisas que não é capaz de compreender e ainda assim existem? Que há coisas que certas pessoas vêem e outras não? Há muitas coisas, antigas e novas, que não devem ser contempladas pelos olhos dos homens, porque eles sabem, ou julgam saber, certas coisas que outros homens lhes disseram. O defeito da nossa ciência é querer explicar tudo. Quando não é capaz de fazê-lo, decreta que não há o que explicar. Ainda assim, porém, a cada dia vemos crescerem ao nosso redor crenças que se julgam novas, mas que não passam de crenças antigas fingindo serem novas. Você acredita em leitura de pensamentos? Não? Nem no hipnotismo... Acredita? Então está satisfeito a esse respeito? É isso mesmo? E é claro que compreende como funciona e pode seguir a mente do grande Charcot até a alma do paciente que ele hipnotiza. Não? Então, John, devo deduzir que você simplesmente aceita o fato e fica satisfeito ao deixar o espaço entre a premissa e a conclusão em branco. Caso contrário, me diga, já que sou um estudioso do cérebro, como pode aceitar o hipnotismo e rejeitar a leitura de pensamentos. Onde eu quero chegar é que atualmente certas conquistas da ciência da eletricidade teriam sido condenadas como profanas pelos próprios homens que descobriram a eletricidade. E esses homens, há não muito tempo atrás, teriam sido queimados como bruxos. John, a única certeza de que podemos ter é que sempre há mistérios na vida." — Fala do Doutor Abraham Van Helsing para seu amigo psiquiatra, o Doutor John Seward, no livro "Dracula", de Bram Stoker (pg. 427 pela Ediouro Publicações, ed. 2001)